O processo seletivo para a próxima edição do Trilhas se inicia em novembro de 2002

Texto: Rogério Melo (ASSTEC/PROEX) e Vilma Torres (Agecom/UFRN)

Fotos: Cícero Oliveira (Agecom/UFRN)

O Programa Trilhas Potiguares 2022 mal acabou e já deixa saudades. O Programa colheu muito carinho e gratidão por onde foi passando, bem como deixou em cada município a sua gratidão pela receptividade e confiança nas suas ações implementadas nesses municípios. Neste ano, o Trilhas esteve presente em 10 municípios, nos quais realizou atividades nas mais diversas áreas do conhecimento, no período entre 1º a 5 de agosto. Os municípios comtemplados nesta edição foram: Campo Grande, Poço Branco, Monte das Gameleiras, Lagoa d'Anta, Passagem, Serra Negra do Norte, Umarizal, Lagoa Salgada, Tibau do Sul e Patu. Esta matéria será dividida em duas partes, onde faremos um pequeno relato das atividades implementadas em cada município. Ontem, fizemos um breve relato das experiências nos municípios de Tibau do Sul, Lagoa Salgada, Monte das Gameleiras, Poço Branco e Patu. Hoje, falaremos sobre as experiências vivenciadas em Campo Grande, Passagem, Serra Negra do Norte, Umarizal, Lagoa D’anta e Umarizal.

CAMPO GRANDE

Localizada no oeste potiguar, interior do Rio Grande do Norte, Campo Grande está voltada para grandes serras. Atualmente, a cidade é palco para apresentações religiosas que representam a fé e a crença dos moradores. Por isso, nesta semana, o Trilhas Potiguares da UFRN chegou por lá para somar o novo ao sagrado. Com olhar para tradições locais, além de respeito pela cultura do município, as atividades do Programa deram vida aos acontecimentos que marcam o tempo daquele lugar. Em apresentações no palco do Instituto Gentil, crianças e trilheiros se misturaram ao som das risadas que concretizam a passagem da ação acadêmica por ali. Em outro andar, a história da cidade é marcada em aquarela pela meninada que a levará adiante em suas vidas e corações. 

Uma oficina de teatro foi conduzida por Maykon Oliver, estudante de licenciatura em Teatro. No palco, ele reuniu cerca de 10 estudantes, entre voluntários do Trilhas e crianças da cidade, em duas peças cômicas. Ambas representavam causos locais: a Caipora e a lenda do Lobisomem. Com um toque de magia e um pouco de tecnologia digital, os personagens misturavam dois mundos. Uma Caipora influenciadora digital que entra em uma disputa com caçadores para salvar sua filha fada arrancou risos e aplausos da plateia. Três meninos apresentaram uma contorção ao virarem lobisomens que quase fizeram o público acreditar em magia. 

 

PASSAGEM

Distante de Natal 69 km, esse pequeno município do Agreste potiguar conta com uma população estimada em 3.114 habitantes. Desde o seu surgimento, a vocação econômica do município de Passagem sempre esteve completamente voltada para as atividades do campo. Seu desenvolvimento deve-se, em grande parte, ao recrudescimento da produção agrícola nos municípios Santo Antônio, São José de Mipibu e Goianinha.
O avanço da atividade agrícola, as áreas de plantio foram se estendendo para as localidades mais próximas. Desse modo, a comunidade passou a contar com uma população rural efetiva produtora de algodão, feijão e milho. No dia 27 de dezembro de 1963, o distrito de Passagem desmembrou-se de Brejinho, passando à condição de município.

Mas nem só das atividades rurais sobrevive este pequeno município, que guarda grandes apreciadores dos esportes. O Programa Trilhas Potiguares realizou atividades na Escola Municipal Jarbas Passarinho, uma escola responsável pela formação de 30 estudantes, integrantes de equipes atletismo, futebol e futebol de salão. Destaca-se dentre as atividades desenvolvidas no município pelo Programa, o Trikeline, uma variante do Slackline, cuja função é aperfeiçoar o equilíbrio e a concentração. Trabalhando com alunos desde o 1º ano dos anos iniciais ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA), o Trilhas Potiguares 2022, dentre outros objetivos, visou fortalecer nesses jovens estudantes suas vocações para esporte. Participaram das atividades no município, um total de 13 alunos oriundos de cursos como Pedagogia, Teatro e Educação Física, além de duas coordenadoras. Outras áreas trabalhadas foram a capacitação profissional e a educação ambiental.

 

SERRA NEGRA DO NORTE

Localizada na região do Seridó potiguar, Serra Negra do Norte fica a 321 km de Natal. O município conta com uma população atual estimada em 8.105 habitantes, o município de Serra Negra do Norte (cujo nome refere-se a impressão dada pela espessa vegetação primitiva na área, muito escura e ensejando um contorno serrano), começa a adquirir contornos de uma comunidade no de 1735, quando foi erguida a capela de Nossa Senhora do Ó por iniciativa de Manoel Pereira e seus filhos nas terras que recebera de seu tio, Manoel Barbosa de Freitas. Serra Negra do Norte tornou-se município em 3 de agosto de 1874, pela Lei nº 688, desmembrando-se de Caicó.

Com a cidade em festa pelos seus 148 anos de emancipação, a população se reunira na praça principal contaminadas pelo clima de comemoração. Localizada a 343 km da capital potiguar, a arquitetura extremamente bem preservada e multicolorida dos seus prédios históricos encanta trilheiros já há três edições. Neste município, o Programa promoveu atividades relacionadas à Tecnologia e Produção, Comunicação, Trabalho, “Meio Ambiente, Cultura, Educação, Direitos Humanos e Saúde.

 

LAGOA D´ANTA

Em Lagoa D’Anta, localizada no Agreste potiguar e com aproximadamente 108 km de distância da capital potiguar, o município conta com uma população estimada 6.851 habitantes. O cenário encontrado pelo Trilhas Potiguares 2022 para debater infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) foi de muita resistência e preconceitos por parte da população.

A situação desperta preocupação das autoridades, umas vez que o índice de jovens grávidas na adolescência e casos de ISTs em Lagoa D’anta é muito alto, conforme relatou a Secretária de Educação, Cássia Nelly Freire, coordenadora do Trilhas na cidade. Durante as reuniões para a chegada do programa, esclarece, a Secretaria de Saúde Municipal indicou o aumento no número de meninas que iniciam precocemente a vida sexual, reivindicando a necessidade de levantar a pauta junto à comunidade. O público-alvo das atividades de prevenção foram os alunos dos anos finais da Escola Municipal Felipe André Bezerril Souto. 

 

UMARIZAL

Umarizal é uma cidade jovem. Comparada a outros municípios centenários, ela é praticamente uma criança, nascida em 1958 com o desmembramento da cidade de Martins. Nesses 63 anos de criação, a cidade desenvolveu seu lado urbano, mas ainda conserva uma parcela de sua população em área rural, dividida entre o cultivo de hortas domésticas e o trabalho no campo. Alguns desses moradores, reunidos no Assentamento da Fazenda Remédio, receberam nesta quinta-feira, 4 de agosto, um grupo de voluntários do Programa Trilhas Potiguares, da UFRN, que propôs um intercâmbio de experiências sobre agroecologia.

A família Costa é uma das assentadas em Umarizal. O filho Francisco Costa trabalha na lavoura há mais de 50 anos, desde que saiu da primeira infância. Ele promove a agroecologia desde antes de existir o conceito. Em seu sítio, a fava debulhada enche a panela da família, vira escambo com os vizinhos ou é vendida a quem bater no portão a procurando. O que sobra vira alimento para a pequena criação de animais.

Diversificando, José Costa também multiplica a população de abelhas no local, atraindo novas criações para caixas de madeira posicionadas no quintal. As abelhas africanas, subespécie de abelha ocidental, conhecida por lá como italianas, aos poucos colonizaram o novo habitat e o agricultor já consegue lucrar. A técnica foi aprendida em encontros de agricultores como o desta quarta-feira.